A Importância das Análises Clínicas na Detecção Precoce de Doenças
- Diana Fonseca
- 13 de fev.
- 6 min de leitura
As análises clínicas desempenham um papel fundamental, sendo ferramentas essenciais para a deteção precoce de várias condições de saúde. Elas permitem que os profissionais de saúde façam diagnósticos precisos, acompanhem a evolução de doenças e ajustem tratamentos de forma mais eficaz. Neste artigo, vamos explorar a importância das análises clínicas, os tipos mais comuns, a sua relevância para a saúde do utente, além de abordarmos os procedimentos corretos, os tubos adequados para cada análise e a ordem correta na colheita de amostras.

O que são as análises clínicas?
As análises clínicas são exames laboratoriais realizados a partir de amostras biológicas, como sangue, urina, saliva e fezes, com o objetivo de avaliar a saúde do utente. Estes exames são essenciais para o diagnóstico de doenças, monitorização dos tratamentos e prevenção de complicações, fornecendo informações cruciais sobre o funcionamento dos sistemas do corpo humano.
Estes exames ajudam os profissionais de saúde a detetar doenças em estadios iniciais, permitindo intervenções precoces que podem melhorar o prognóstico. Além disso, são fundamentais para o acompanhamento de condições crónicas, como diabetes, hipertensão e doenças renais, orientando ajustes na terapêutica.
Objetivos das Análises Clínicas:
Diagnóstico de doenças.
Monitoramento de condições crónicas.
Avaliação da função de órgãos como fígado e rins.
Deteção precoce de fatores de risco.
Acompanhamento de tratamentos.
Principais Tipos de Análises Clínicas:
Hemograma Completo: Avalia células sanguíneas, como glóbulos vermelhos e brancos.
Exames Bioquímicos: Avaliam substâncias como glicose e creatinina, avaliando metabolismo e função renal.
Exames de Coagulação: Avaliam a capacidade de coagulação do sangue.
Exames Endocrinológicos: Avaliam hormonas, como a tiróide.
Testes Imunológicos: Avaliam a resposta imunológica e ajudam a diagnosticar doenças autoimunes e infeções.
Procedimentos para a Colheita de Sangue

A colheita de amostras para análises clínicas deve ser realizada com precisão para garantir que os resultados sejam fidedignos. Abaixo, detalhamos os procedimentos para a colheita de sangue:
1. Preparação do Material
Antes de iniciar o procedimento, reúna todo o material necessário:
Garrote;
Compressas esterilizadas;
Clorohexidina 2% ou Álcool 70%;
Seringas e agulhas descartáveis ou sistemas de colheita a vácuo;
Tubos para colheita (de acordo com a análise requisitada);
Adesivo;
Contentores para corto-perfurantes;
Etiquetas de identificação dos tubos.
Caso o utente tenha uma veia canalizada para administração de soros, interrompa a infusão cinco minutos antes da colheita e utilize uma veia no membro oposto.
2. Preparação do Utente
Certifique-se de que o utente esteja em posição confortável e confirme os seguintes dados:
Identificação completa (nome e data de nascimento);
Explicar ao utente o procedimento e exames solicitados.
3. Higiene das Mãos e Uso de EPI
Lave as mãos com técnica adequada e utilize os Equipamentos de Proteção Individual (luvas).
4. Seleção do Local de Punção

As veias da fossa antecubital são as mais comuns, sendo as principais opções:
Veia mediana;
Veia cefálica;
Veia basílica.
5. Realização da Colheita
Aplicar o garrote: Posicione-o 5 cm acima do local da punção, garantindo que não permaneça por mais de 1 minuto para evitar hemólise.
Assepsia do local: Limpe a pele em movimentos circulares e aguarde secar.
Punção venosa: Insira a agulha na veia em um ângulo de 15º a 30º (um angulo superior aumenta o risco de perfurar a veia completamente).
Colheita do sangue: Introduza os tubos na ordem correta (veja a secção abaixo) e preencha até o volume indicado.
Encerramento do procedimento:
Retire o garrote antes de remover a agulha;
Aplique pressão no local da punção e fixe um adesivo compressivo;
Descarte o material de forma adequada em contentores específicos.
6. Cuidados Após Colheita
Agite suavemente os tubos que possuem anticoagulantes, imediatamente após a colheita;
Retire as luvas e descarte-as adequadamente;
Realize novamente a higiene das mãos;
Envie as amostras ao laboratório o mais rapidamente possível.
Realizar registos
Tipos de Tubos para Colheita de Sangue

Os tubos utilizados variam de acordo com o tipo de exame solicitado. Abaixo, os mais comuns e as suas indicações:
Tubo Vermelho (bioquímica): Sem aditivos, usado para exames de bioquímica e sorologia.
Tubo Amarelo (bioquímica): Com gel separador e coagulante; Utilizados em rotinas de bioquímica, sorologia, imunologia, marcadores cardíacos e tumorais.
Tubo Roxo (hemograma): Contém EDTA; indicado para hemograma e testes hematológicos.
Tubo Azul Claro (coagulação): Contém citrato de sódio; utilizado para exames de coagulação.
Tubo Verde: Contém heparina; indicado quando é necessário o uso de plasma para determinações bioquímicas. Estes aditivos bloqueiam a cascata de coagulação.
Tubo Cinza: Contém oxalato de fluor ; utilizado para dosagem de glicose, lactato, prolactina e hemoglobina glicada no plasma.
IGRA (Interferon Gama Release Assay) : Utilizados para analisar a resposta imunológica à infeção por M. tuberculosis.
Ordem Correta de Colheita
A sequência de colheita dos tubos é crucial para evitar contaminação cruzada e garantir resultados confiáveis. A ordem recomendada pela CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute - GP41-7) é:
Hemocultura (quando aplicável);
Tubo Azul Claro (citrato de sódio – coagulação);
Tubo Vermelho ou Amarelo (soro, com ou sem gel separador);
Tubo Verde (heparina);
Tubo Roxo (Lavanda) (EDTA);
Tubo Cinza (fluoreto de sódio).
IGRA

Quantidades de Sangue a Colher
As quantidades podem variar conforme o tubo e o tipo de exame:
Tubo de EDTA: 2,7 mL (pediátrico: 1,2 mL);
Tubo de plasma (citrato de sódio): 3 mL (pediátrico: 1,4 mL);
Tubo de plasma (heparina de lítio): 5 mL (pediátrico: 1,2 mL);
Tubo seco: A quantidade varia conforme o número de análises solicitadas.
A importância das análises clínicas na prevenção
A deteção precoce de alterações nos exames laboratoriais pode ser a chave para o tratamento eficaz de muitas doenças. Algumas condições, como o cancro, doenças cardíacas e diabetes, podem não apresentar sintomas nas fases iniciais, mas podem ser identificadas através de exames simples. Com a deteção precoce, os tratamentos podem ser iniciados mais cedo, melhorando significativamente a recuperação e qualidade de vida do utente.
Como as análises clínicas ajudam na monitorização de doenças
Além da deteção precoce, as análises clínicas também são vitais para o acompanhamento de condições crónicas. Pacientes com doenças como hipertensão, diabetes ou doenças renais precisam de monitorizar regularmente certos parâmetros, a fim de ajustar os tratamentos e evitar complicações graves.
Colheita de sangue em utentes com CVC

Nos utentes com CVC, a colheita sanguínea pode ser realizada através do dispositivo, desde que haja consentimento do doente, não sendo permitida sem a sua autorização. Quando for necessário efetuar colheitas num cateter multilúmen, todas as perfusões em curso devem ser interrompidas para evitar resultados analíticos incorretos. Deve-se garantir a assepsia dos conectores com gaze estéril embebida em álcool a 70%, aspirar 10 ml de sangue com seringa e descartar, seguido da colheita do volume necessário para os tubos de análise. Após o procedimento, o enfermeiro deve realizar a lavagem do lúmen com 20 ml de soro fisiológico para garantir a permeabilidade e a segurança do dispositivo.
Conclusão
As análises clínicas são uma parte essencial dos cuidados preventivos e do cuidado contínuo. Elas ajudam os profissionais de saúde a diagnosticar, monitorizar e tratar uma vasta gama de condições médicas. Como enfermeiros, também devemos estar cientes da importância destes exames e da maneira como podem beneficiar os nossos utentes, não só no tratamento, mas também na promoção de um estilo de vida saudável e na deteção precoce de doenças.
Se ainda não fizeste uma análise clínica recentemente, considera agendar uma consulta. A prevenção é sempre a melhor abordagem para garantir a tua saúde e bem-estar.
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Referências Bibliográficas
Sullivan, D. (2020). Manual de Análises Clínicas e Diagnóstico Laboratorial. Editora Guanabara Koogan.
Moraes, A. (2019). Análises Clínicas: Manual de Práticas e Procedimentos. Editora Atheneu.
Krause, A. (2018). Práticas e Procedimentos em Análises Clínicas. Editora Manole.
Granger, N., & Leal, J. (2017). Fisiologia e Práticas de Laboratório Clínico. Editora Elsevier.
Silva, F., & Almeida, M. (2020). Protocolos de Coleta e Análises Clínicas: Orientações para Profissionais de Saúde. Editora Saúde e Vida.
Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). (2018). GP41-7: Procedures for the Collection of Diagnostic Blood Specimens by Venipuncture.
Santos, P. (2019). A Importância das Análises Clínicas no Diagnóstico Precoce: Guia para Profissionais de Saúde. Editora Médica.
Pinhal, A. (2020). Análises Clínicas e Processos de Diagnóstico: Abordagens e Técnicas. Editora Saúde & Conhecimento.
Perry, A. G., Potter, P. A., & Ostendorf, W. R. (2019). Clinical Nursing Skills & Techniques (9th ed.). Elsevier.
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