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A Importância das Análises Clínicas na Detecção Precoce de Doenças

As análises clínicas desempenham um papel fundamental, sendo ferramentas essenciais para a deteção precoce de várias condições de saúde. Elas permitem que os profissionais de saúde façam diagnósticos precisos, acompanhem a evolução de doenças e ajustem tratamentos de forma mais eficaz. Neste artigo, vamos explorar a importância das análises clínicas, os tipos mais comuns, a sua relevância para a saúde do utente, além de abordarmos os procedimentos corretos, os tubos adequados para cada análise e a ordem correta na colheita de amostras.


O que são as análises clínicas?


As análises clínicas são exames laboratoriais realizados a partir de amostras biológicas, como sangue, urina, saliva e fezes, com o objetivo de avaliar a saúde do utente. Estes exames são essenciais para o diagnóstico de doenças, monitorização dos tratamentos e prevenção de complicações, fornecendo informações cruciais sobre o funcionamento dos sistemas do corpo humano.

Estes exames ajudam os profissionais de saúde a detetar doenças em estadios iniciais, permitindo intervenções precoces que podem melhorar o prognóstico. Além disso, são fundamentais para o acompanhamento de condições crónicas, como diabetes, hipertensão e doenças renais, orientando ajustes na terapêutica.


Objetivos das Análises Clínicas:

  • Diagnóstico de doenças.

  • Monitoramento de condições crónicas.

  • Avaliação da função de órgãos como fígado e rins.

  • Deteção precoce de fatores de risco.

  • Acompanhamento de tratamentos.


Principais Tipos de Análises Clínicas:

  • Hemograma Completo: Avalia células sanguíneas, como glóbulos vermelhos e brancos.

  • Exames Bioquímicos: Avaliam substâncias como glicose e creatinina, avaliando metabolismo e função renal.

  • Exames de Coagulação: Avaliam a capacidade de coagulação do sangue.

  • Exames Endocrinológicos: Avaliam hormonas, como a tiróide.

  • Testes Imunológicos: Avaliam a resposta imunológica e ajudam a diagnosticar doenças autoimunes e infeções.


Procedimentos para a Colheita de Sangue


A colheita de amostras para análises clínicas deve ser realizada com precisão para garantir que os resultados sejam fidedignos. Abaixo, detalhamos os procedimentos para a colheita de sangue:


1. Preparação do Material

Antes de iniciar o procedimento, reúna todo o material necessário:

  • Garrote;

  • Compressas esterilizadas;

  • Clorohexidina 2% ou Álcool 70%;

  • Seringas e agulhas descartáveis ou sistemas de colheita a vácuo;

  • Tubos para colheita (de acordo com a análise requisitada);

  • Adesivo;

  • Contentores para corto-perfurantes;

  • Etiquetas de identificação dos tubos.

Caso o utente tenha uma veia canalizada para administração de soros, interrompa a infusão cinco minutos antes da colheita e utilize uma veia no membro oposto.


2. Preparação do Utente

Certifique-se de que o utente esteja em posição confortável e confirme os seguintes dados:

  • Identificação completa (nome e data de nascimento);

  • Explicar ao utente o procedimento e exames solicitados.


3. Higiene das Mãos e Uso de EPI

Lave as mãos com técnica adequada e utilize os Equipamentos de Proteção Individual (luvas).


4. Seleção do Local de Punção

As veias da fossa antecubital são as mais comuns, sendo as principais opções:

  • Veia mediana;

  • Veia cefálica;

  • Veia basílica.


5. Realização da Colheita


  1. Aplicar o garrote: Posicione-o 5 cm acima do local da punção, garantindo que não permaneça por mais de 1 minuto para evitar hemólise.

  2. Assepsia do local: Limpe a pele em movimentos circulares e aguarde secar.

  3. Punção venosa: Insira a agulha na veia em um ângulo de 15º a 30º (um angulo superior aumenta o risco de perfurar a veia completamente).

  4. Colheita do sangue: Introduza os tubos na ordem correta (veja a secção abaixo) e preencha até o volume indicado.

  5. Encerramento do procedimento:

    • Retire o garrote antes de remover a agulha;

    • Aplique pressão no local da punção e fixe um adesivo compressivo;

    • Descarte o material de forma adequada em contentores específicos.


6. Cuidados Após Colheita

  • Agite suavemente os tubos que possuem anticoagulantes, imediatamente após a colheita;

  • Retire as luvas e descarte-as adequadamente;

  • Realize novamente a higiene das mãos;

  • Envie as amostras ao laboratório o mais rapidamente possível.

  • Realizar registos


Tipos de Tubos para Colheita de Sangue

Os tubos utilizados variam de acordo com o tipo de exame solicitado. Abaixo, os mais comuns e as suas indicações:

  • Tubo Vermelho (bioquímica): Sem aditivos, usado para exames de bioquímica e sorologia.

  • Tubo Amarelo (bioquímica): Com gel separador e coagulante; Utilizados em rotinas de bioquímica, sorologia, imunologia, marcadores cardíacos e tumorais.

  • Tubo Roxo (hemograma): Contém EDTA; indicado para hemograma e testes hematológicos.

  • Tubo Azul Claro (coagulação): Contém citrato de sódio; utilizado para exames de coagulação.

  • Tubo Verde: Contém heparina; indicado quando é necessário o uso de plasma para determinações bioquímicas. Estes aditivos bloqueiam a cascata de coagulação.

  • Tubo Cinza: Contém oxalato de fluor ; utilizado para dosagem de glicose, lactato, prolactina e hemoglobina glicada no plasma.

  • IGRA (Interferon Gama Release Assay) : Utilizados para analisar a resposta imunológica à infeção por M. tuberculosis.


Ordem Correta de Colheita


A sequência de colheita dos tubos é crucial para evitar contaminação cruzada e garantir resultados confiáveis. A ordem recomendada pela CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute - GP41-7) é:


  1. Hemocultura (quando aplicável);

  2. Tubo Azul Claro (citrato de sódio – coagulação);

  3. Tubo Vermelho ou Amarelo (soro, com ou sem gel separador);

  4. Tubo Verde (heparina);

  5. Tubo Roxo (Lavanda) (EDTA);

  6. Tubo Cinza (fluoreto de sódio).

  7. IGRA

Quantidades de Sangue a Colher


As quantidades podem variar conforme o tubo e o tipo de exame:

  • Tubo de EDTA: 2,7 mL (pediátrico: 1,2 mL);

  • Tubo de plasma (citrato de sódio): 3 mL (pediátrico: 1,4 mL);

  • Tubo de plasma (heparina de lítio): 5 mL (pediátrico: 1,2 mL);

  • Tubo seco: A quantidade varia conforme o número de análises solicitadas.


A importância das análises clínicas na prevenção


A deteção precoce de alterações nos exames laboratoriais pode ser a chave para o tratamento eficaz de muitas doenças. Algumas condições, como o cancro, doenças cardíacas e diabetes, podem não apresentar sintomas nas fases iniciais, mas podem ser identificadas através de exames simples. Com a deteção precoce, os tratamentos podem ser iniciados mais cedo, melhorando significativamente a recuperação e qualidade de vida do utente.


Como as análises clínicas ajudam na monitorização de doenças


Além da deteção precoce, as análises clínicas também são vitais para o acompanhamento de condições crónicas. Pacientes com doenças como hipertensão, diabetes ou doenças renais precisam de monitorizar regularmente certos parâmetros, a fim de ajustar os tratamentos e evitar complicações graves.


Colheita de sangue em utentes com CVC


Nos utentes com CVC, a colheita sanguínea pode ser realizada através do dispositivo, desde que haja consentimento do doente, não sendo permitida sem a sua autorização. Quando for necessário efetuar colheitas num cateter multilúmen, todas as perfusões em curso devem ser interrompidas para evitar resultados analíticos incorretos. Deve-se garantir a assepsia dos conectores com gaze estéril embebida em álcool a 70%, aspirar 10 ml de sangue com seringa e descartar, seguido da colheita do volume necessário para os tubos de análise. Após o procedimento, o enfermeiro deve realizar a lavagem do lúmen com 20 ml de soro fisiológico para garantir a permeabilidade e a segurança do dispositivo.


Conclusão


As análises clínicas são uma parte essencial dos cuidados preventivos e do cuidado contínuo. Elas ajudam os profissionais de saúde a diagnosticar, monitorizar e tratar uma vasta gama de condições médicas. Como enfermeiros, também devemos estar cientes da importância destes exames e da maneira como podem beneficiar os nossos utentes, não só no tratamento, mas também na promoção de um estilo de vida saudável e na deteção precoce de doenças.

Se ainda não fizeste uma análise clínica recentemente, considera agendar uma consulta. A prevenção é sempre a melhor abordagem para garantir a tua saúde e bem-estar.


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Referências Bibliográficas

Sullivan, D. (2020). Manual de Análises Clínicas e Diagnóstico Laboratorial. Editora Guanabara Koogan.

Moraes, A. (2019). Análises Clínicas: Manual de Práticas e Procedimentos. Editora Atheneu.

Krause, A. (2018). Práticas e Procedimentos em Análises Clínicas. Editora Manole.

Granger, N., & Leal, J. (2017). Fisiologia e Práticas de Laboratório Clínico. Editora Elsevier.

Silva, F., & Almeida, M. (2020). Protocolos de Coleta e Análises Clínicas: Orientações para Profissionais de Saúde. Editora Saúde e Vida.

Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). (2018). GP41-7: Procedures for the Collection of Diagnostic Blood Specimens by Venipuncture.

Santos, P. (2019). A Importância das Análises Clínicas no Diagnóstico Precoce: Guia para Profissionais de Saúde. Editora Médica.

Pinhal, A. (2020). Análises Clínicas e Processos de Diagnóstico: Abordagens e Técnicas. Editora Saúde & Conhecimento.

Perry, A. G., Potter, P. A., & Ostendorf, W. R. (2019). Clinical Nursing Skills & Techniques (9th ed.). Elsevier.


 
 
 

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