Oxigenoterapia
- Diana Fonseca
- 16 de mar.
- 3 min de leitura

A Oxigenoterapia é uma intervenção essencial na prática de enfermagem, utilizada para corrigir a hipoxemia e melhorar a oxigenação tecidular em diversas condições clínicas. O conhecimento adequado sobre esta terapia é crucial para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.
Importância do Conhecimento em Oxigenioterapia
Um estudo recente avaliou o conhecimento sobre oxigenoterapia em estudantes finalistas de enfermagem. Os resultados mostraram que, numa escala de 0 a 10, a pontuação média foi de 6,73, indicando um conhecimento moderado. As áreas com menores pontuações incluíram a redução da dosagem e interrupção da oxigenoterapia (3,79) e o conhecimento sobre dispositivos de administração de oxigénio (5,34). Estas lacunas podem comprometer a eficácia do tratamento e a segurança do utente. (Revistas RCAAP)
Dispositivos de Administração de Oxigénio
A seleção adequada do dispositivo de administração é fundamental para alcançar a concentração de oxigénio desejada. Entre os dispositivos comuns estão:
Cânula Nasal: Fornece baixos fluxos de oxigénio e é utilizada em utentes com necessidades mínimas.
Máscara Simples: Oferece concentrações moderadas de oxigénio e é indicada para hipoxemias leves a moderadas.
Máscara de Venturi: Permite a administração de concentrações precisas de oxigénio, sendo útil em utentes com doença pulmonar obstrutiva crónica.
Máscara com Reservatório: Utilizada em situações de hipoxemia grave, fornece altas concentrações de oxigénio.
Monitorização e Avaliação da Eficácia
A monitorização contínua é essencial para avaliar a eficácia da oxigenoterapia e prevenir complicações. Parâmetros como a saturação de oxigénio (SpO₂), sinais de hipoxemia e a resposta clínica do utente devem ser avaliados regularmente. O estudo mencionado anteriormente revelou que os estudantes apresentaram pontuações médias de 8,88 na identificação de sinais de hipoxemia e 8,38 na avaliação da eficácia da oxigenoterapia, indicando uma boa compreensão nestas áreas. (Revistas RCAAP)
Complicações Potenciais
Embora seja uma terapia comum, a oxigenoterapia não é isenta de riscos. Complicações potenciais incluem:
Toxicidade por Oxigénio: A administração prolongada de altas concentrações pode levar a danos pulmonares.
Depressão Respiratória: Em utentes com retenção de CO₂, o uso inadequado de oxigénio pode suprimir o estímulo respiratório.
Atelectasia de Absorção: A atelectasia de absorção ocorre quando os alvéolos pulmonares colapsam devido à absorção completa dos gases presentes no seu interior. Este fenómeno pode ser desencadeado pela administração de altas concentrações de oxigéniodurante períodos prolongados.
Mecanismo da Atelectasia de Absorção
Normalmente, os alvéolos mantêm-se abertos devido à presença de uma mistura de gases, incluindo oxigénio, nitrogénio e dióxido de carbono.
O nitrogénio desempenha um papel essencial na manutenção do volume alveolar, pois não é facilmente absorvido pelo sangue e ajuda a manter a estrutura dos alvéolos.
Quando administramos oxigénio a 100% ou em altas concentrações, o nitrogénio é progressivamente substituído.
Como o oxigénio é rapidamente absorvido pelo sangue, pode ocorrer um colapso do alvéolo, resultando em atelectasia.
Fatores de Risco
Uso prolongado de altas frações inspiradas de oxigénio (FiO₂ > 60%).
Ventilação mecânica com baixa pressão expiratória positiva (PEEP).
Anestesia geral e imobilização prolongada.
Utentes com doença pulmonar prévia.
Prevenção e Gestão
Utilizar a menor concentração eficaz de oxigénio para evitar a remoção completa do nitrogénio.
Incentivar a respiração profunda e a tosse para expandir os pulmões.
Aplicação de pressão expiratória positiva (PEEP) em doentes ventilados para manter os alvéolos abertos.
Uso de oxigenoterapia intermitente em vez de contínua sempre que possível.
Conclusão
A oxigenoterapia é uma intervenção vital na prática de enfermagem que requer conhecimento aprofundado para ser administrada de forma eficaz e segura. É imperativo que os profissionais de enfermagem recebam formação contínua e atualizada sobre os diferentes dispositivos de administração, monitorização adequada e gestão de possíveis complicações associadas à oxigenoterapia.
Ao aprimorar o conhecimento e as competências nesta área, os enfermeiros podem assegurar uma prática baseada na evidência, promovendo a segurança e a qualidade dos cuidados prestados aos utentes.
Referência do estudo mencionado no post:
Hoang, T. T. M., Vu, L. T., Mai, A. T. L., & Trong, Q. D. (2024). Conhecimento sobre oxigenoterapia em estudantes de enfermagem do último ano. Revista de Enfermagem Referência, Série VI, Edição N.º 3.
Comments